Eclosão mediúnica
Sou
médium umbandista desde 1998. Bem, antes eu vivia a mediunidade dentro de duas
casas. Durante a semana, militava numa casa espírita e aos sábados frequentava um
terreiro de Umbanda.
O terreiro ficava num sítio nas
proximidades de Guaratinguetá. Até hoje tenho saudades dessa época. Nesse terreiro comecei
a ter contato com os guias espirituais na Umbanda. Cheguei a esse terreiro por
causa de uma depressão grave. Essa depressão começou com um problema de saúde
hormonal. Nada grave. No entanto, os espíritos obsessores pegam seu ponto mais
fraco. Estava fragilizada e mais susceptível por conta de uma anemia também. Só
que mesmo indo ao médico não melhorava. O problema hormonal foi embora, mas eu
continuava me sentindo muito fraca. Comecei a chorar todos os dias sem parar.
Emagrecia a olhos vistos. Sentia uma tristeza que não tinha fim. A depressão é
uma doença espiritual também. Pode ter suas raízes em vidas passadas. Pode ser
causada ou alterada por problemas espirituais como: obsessão, eclosão
mediúnica, mediunidade mal orientada.
A depressão pode ser uma conseqüência de
algum problema grave como: luto na família, perda de emprego, separação,
divórcio, morte de um filho, doença grave, etc. No meu caso, se iniciou de modo
lento, mas perigoso.
Eu já tive quatro depressões e cada uma
de um jeito. Acho útil falar sobre isso para orientar as pessoas que passam por
esse problema. A depressão jamais vem sozinha. Há sempre uma causa espiritual.
No entanto, precisa ser tratada por um médico psiquiatra. Em alguns casos, a
pessoa precisa tomar medicação. Agora, fica mais difícil se ela tiver síndrome
de pânico. Aí ficará com medo de tomar remédio. Isso aconteceu comigo. Tinha
medo de comer e de tomar remédios.
No entanto, a mediunidade continuava no meu
corpo e na minh’ alma. Ouvia os espíritos. Geralmente, eram os espíritos
zombeteiros que faziam uma orquestra dentro da minha mente. Se eu procurasse um
psiquiatra (que não fosse espírita) certamente ele diagnosticaria uma psicose
depressiva. Acharia que minhas visões e vozes se passavam apenas na minha
mente. Eram apenas produtos da minha mente; alucinações. E, por esse motivo,
reafirmo que o psiquiatra também tem que estudar as religiões. Ter empatia com
seu paciente. Ouvi-lo com atenção e respeitar sua crença. E não apenas receitar
remédios e pronto.
Como eu não estava melhorando uma ex-professora kardecista me convidou
para ir a um sítio e participar do rito de Umbanda. Ela era uma médium
espetacular. Além de muito culta, um ser humano maravilhoso. Várias vezes foi à
minha casa para ministrar passes. Recebia o Caboclo Sr. Trunqueira que
sempre me dizia palavras de conforto. O nome dela era Ivone e não mais pertence
à Terra. Mesmo doente comecei a frequentar os ritos naquele sítio. Conheci
pessoas maravilhosas que me ajudaram muito.
Dona Ivone recebia a preta velha Inácia Bárbara que era um encanto de
espírito. O ritual era fechado, porque Dona Ivone também era médium ativa no
centro kardecista. Sua mediunidade era exemplar. Queria que o rito fosse muito organizado. Rezava por muitas pessoas mesmo as ausentes.
A melhora foi imediata. Depois de alguns ritos, meu preto velho Pai João
das Almas incorporou. A cura completa foi uma questão de dias.
Será que minha doença veio para que eu me integrasse na Umbanda? Não
sei. Infelizmente, depois de alguns anos os ritos no sítio acabaram. No
entanto, aprendi bastante com o grupo. Éramos muito unidos. Além da Inácia
Bárbara, dona Ivone incorporava a Vó Filipa que gostava de falar sobre vidas
passadas.
Havia uma médium muito talentosa. Quando ela recebia a falange de
Oxum cantava maravilhosamente. Guardo boas lembranças daquele grupo.
Até hoje prossigo no terreiro de Umbanda. Encontrei afinidade nessa
religião. No entanto, percebo que muitas pessoas têm muitas dúvidas quanto à
eclosão mediúnica. Vão a determinados terreiros e recebem essa orientação:
“- Você é médium; precisa desenvolver!” -
algumas pessoas nada sentem quando vão a esses lugares. Jamais tiveram qualquer
experiência de contato com os desencarnados e já recebem a orientação do
desenvolvimento. Ficam confusas e não sabem o que fazer. A mediunidade ostensiva desperta espontaneamente. E, nem sempre , através de doenças ou mal estar. No entanto, às vezes, a pessoa precisa da dor para acordar para a espiritualidade.
Desenvolver a mediunidade no terreiro ou num centro espírita? Acredito
que alguns médiuns tem realmente a missão de desenvolver o campo mediúnico no
terreiro de Umbanda. Pode ser também uma questão de afinidade espiritual. Os guias
que incorporam na umbanda também podem baixar num centro espírita. Mediunidade
é mediunidade em qualquer lugar. Mediunidade é o dom de se comunicar com os
espíritos através de:
·
Psicofonia ou incorporação: os guias incorporam no médium
e conversam através dele. Esse tipo de modalidade mediúnica acontece no centro
espírita e no terreiro. A mediunidade no terreiro corresponde a uma hierarquia
própria, rituais com pontos cantados. Os guias baixam através dos pontos cantados.
O médium em desenvolvimento precisa entrar na gira até seu guia baixar. Precisa
estudar também. Mediunidade no terreiro não é ficar girando que nem pião. É
muito mais do que isso. Já presenciei casos de pessoas que ficaram girando
muito tempo no terreiro e jamais um guia baixou. Geralmente, não tem
mediunidade ostensiva. Quando a pessoa tem o dom mesmo basta ouvir o som do
atabaque e a incorporação vem de modo espontâneo. Guia de umbanda não dá surras e nem se vinga do médium. Se ele tem uma tarefa mediúnica traçada na espiritualidade será cobrado mais tarde se não cumprir sua missão. No entanto, os guias não podem interferir no livre arbítrio do seu pupilo. Aquele que não dá atenção ao seu dom pode começar a sofrer de achaques, mal estar, doenças diferentes. E como deseja ficar bom acaba indo ao terreiro. Nesse momento, a entidade incorpora naturalmente. A doença se cura e o mal estar vai embora.
·
Audiência: dom para ouvir os espíritos. Pode acontecer
como se fosse uma voz mesmo ou uma voz dentro da cabeça.
·
Clarividência: ver os espíritos.
·
Psicografia: modalidade mediúnica muito comum nas casas
espíritas. Não é comum nos terreiros. No entanto, nada impede que um pai velho
dê notícias de um ente querido desencarnado a seu pupilo que vem lhe consultar.
A Umbanda e o Espiritismo são duas religiões
distintas. No entanto, ambas são religiões espiritualistas. Acreditam na vida pós-morte
e na mediunidade, isto é, no intercâmbio entre o mundo físico e espiritual.
Trabalhei mediunicamente durante muito
tempo nas duas religiões. Eu incorporava os guias na Umbanda e
psicografava na casa espírita. Adoro fazer as duas coisas.
Se você está se desenvolvendo mediunicamente
estude muito. Peça aos guias orientação e discernimento. Não há desenvolvimento
sem disciplina e sem caridade.
O desenvolvimento da mediunidade não tem data
para terminar. Estamos sempre aprendendo. Persevere na casa espírita. Persevere
no terreiro. Veja o que é bom para você. O que lhe faz bem.
Viva a mediunidade no seu dia a dia também.
Vestir branco e receber os guias é apenas uma parte da sua estrada mediúnica.
Saiba tratar as pessoas no terreiro e respeite a hierarquia. Seja educado, amável,
mas observe. Se você percebe que tem algo errado no lugar que você frequenta
procure outro local. Evite conflitos desnecessários. Converse. Aprenda a
trabalhar em equipe. O terreiro de Umbanda deve ser uma equipe que trabalha em
conjunto. Ninguém é melhor do que ninguém. Chefe de terreiro tem que ser
respeitado e não temido. Cautela com terreiros que cobram pelas consultas com
os guias espirituais.
Se você está desenvolvendo numa casa espírita
persevere também. Procure ser útil e evite o orgulho. Colabore sempre.
Seus guias sempre lhe ajudarão através de intuição
e pequenos sinais como: vontade de mudar, desejo de ler um livro, interesse
pela prece.
A reforma íntima é a melhor ferramenta
para o desenvolvimento mediúnico. Mire-se no exemplo das grandes almas que
passaram pela Terra e foram grandes médiuns. Não pelo destaque em si, mas pelo amor,
caridade e fraternidade.
Homenagem: Médium Ivone Tunan +: ( chefe do terreiro -desencarnada)
Lourdes Turner +: (colaboradora do terreiro do sítio-desencarnada)
Dona Nadir +: (colaboradora do terreiro-desencarnada)
Dona Neomésia +: ( colaboradora-desencarnada)
Hélio Ferreira +:
chefe do Terreiro Caboclo Tupinambá. Um grande médium e um grande líder umbandista.
Dr. Mello +:
espírita militante. Esse senhor me ajudou muito na eclosão mediúnica durante a
infância e adolescência. E, nos sábados, na casa espírita, muito aprendi com
ele sobre Espiritismo e Mediunidade. Espírita fiel, mas um homem sem
preconceitos.
Mensagem
O homem abraça a fé e a fé o abraça!
Mediunidade é luz no caminho da esperança!
Correio do Bem!
O homem abraça a fé e a fé o abraça!
Tudo passa...
Mediunidade é luz e bonança!
O poder da fé alcança a todos!
Através de três formas de Esperança:
PAI VELHO, CABOCLO E CRIANÇA!
A RELIGIÃO A SEGUIR É O AMOR!
A RELIGIÃO É JESUS!
Humanidade, caminha para o progresso!
Fanatismo e preconceito é retrocesso!
Jesus está em cada coração!
Constrói seu templo devagar...
Conjugando o verbo Amar!
Pai João das Almas.